16 de February, 2020

Venture Debt pode ser interessante neste momento de crise?

Venture Debt pode ser interessante para startups neste momento de crise?

Por que o Venture Debt pode ser interessante para startups neste momento de crise?

Venture Debt é uma dívida não conversível para startups e empresas em rápido crescimento. Em geral menos custoso do que o equity, o Venture Debt pode ser uma uma opção atraente pelas seguintes razões: Não implica diluição dos sócios, é de liberação mais rápida do que o equity, possui longos prazos de carência e garantias flexíveis de acordo com as características e necessidades das empresas.

 O Venture Debt surge nos EUA no final de década de 80 como uma importante fonte de financiamento para negócios disruptivos e com grandes ambições de crescimento. Se desenvolvendo em paralelo e de maneira complementar aos investimentos de Venture Capital, o Venture Debt hoje representa entre 15 e 20% do montante total investido em venture deals dos Estados Unidos.

 Nesse momento de crise, o Venture Debt mostra-se como um alternativa valiosa para startups fortalecerem suas estruturas de capital e criarem fôlego para implementarem estratégias cruciais de crescimento na fase de retomada. O ecossistema de startups no Brasil tem evoluído constantemente nos últimos anos e, com isso, criam-se novos mecanismos de financiamento e aceleração de negócios para que mais e mais oportunidades sejam experimentadas. Já falamos sobre alternativas de investimento para startups em outros artigos que você pode ver navegando em nosso painel de artigos mas dessa vez vamos explorar uma nova opção pouco vista até o momento: o Venture Debt.

Conceito geral

Venture Debt, de forma objetiva, nada mais é do que um empréstimo que prevê condições diferentes do habitual empréstimo tradicional. Tais condições variam para as duas partes envolvidas na negociação.

Para a startup/empresa que busca o empréstimo

Geralmente, se oferece o Venture Debt como uma alternativa mais atraente para empresas que não tem um longo histórico no mercado, ainda não possuem um fluxo de caixa que permita demonstrar uma capacidade financeira plena pra iniciar os pagamentos do empréstimo imediatamente e não têm bens/ativos que possam ser ofertados como garantias reais satisfatórias para Bancos ou instituições financeiras tradicionais.

Nesse cenário, a oferta do Venture Debt acaba prevendo condições como uma taxa de juros mais baixa no início ou até mesmo uma ausência de cobrança do empréstimo no primeiro momento, como uma espécie de “carência”.

Geralmente as condições ficam previstas em um “kicker” ou gatilho que seria o momento pelo qual as condições do empréstimo seriam corrigidas, partindo de um pressuposto que a startup atingiu condição suficiente para arcar com suas obrigações financeiras.

Fusões e Aquisições (F&A) ou Mergers and Acquisitions (M&A)

Para a empresa/fundo de investimento que oferta o empréstimo

Essa alternativa passa a ser interessante para investidores que buscam ter o retorno diferenciado que uma startup pode oferecer, mas não desejam se vincular a contratos de mútuo conversível, opções de compra ou empréstimos tradicionais para esse tipo de mercado.

Nesse cenário, na maioria das vezes, o investidor opta por garantir algum tipo de segurança extra na oferta do Venture Debt. Dentre as opções, tem-se:

  • a cessão de propriedade intelectual relevante, patentes;
  • parte do fluxo de caixa recorrente já provisionado;
  • eventuais garantias de menor valor real se comparado ao investimento, como complemento.
  • conteúdos licenciáveis;
  • fluxos de recebimento financeiro em conjunto com garantias tradicionais.

É a partir deste momento que o mercado começa a olhar para a inovação tecnológica com a perspectiva de estrutura de capital que ela demandava. Nesse formato, a recuperação do crédito acontece em diversas situações, mais próprias do mundo de Venture Capital que do mercado de capitais tradicionais, como:

  • no atingimento do break even;
  • no fluxo de caixa positivo;
  • na aquisição da empresa por outra maior;
  • na sua capacidade de pagamento ou mesmo em uma nova captação de recursos em uma das etapas do Stage Fiannce.

Afinal, vale a pena optar pelo Venture Debt?

Exposto o conceito dessa alternativa de financiamento para startups e como ela funciona para as duas partes da operação, fica a dúvida do porquê faz sentido optar por isso?

Bom, como já dito algumas linhas acima, para o investidor passa a ser uma alternativa interessante por estar amparada legalmente por mecanismos mais tradicionais de mercado, com um contrato de empréstimo e bons gatilhos.

Não seguir pelo caminho do Mútuo evitar que o investidor se veja obrigado a converter sua dívida em percentual societário de uma empresa insegura ou com algum passivo que possa atingir o patrimônio do próprio investidor em momento diverso.

Ainda, caso a startups não arque com a dívida nas condições definidas, executa-se judicialmente o contrato e busca-se o valor de forma objetiva.

Por outro lado, se a startup tiver sucesso, os retornos previstos para o investidor tendem a ser bem maiores que um empréstimo tradicional com taxas de juros habituais.

Do ponto de vista da startup, os benefícios principais são bastante óbvios:

a) Não existe oferta de percentual societário (equity) para terceiros, ou seja, os fundadores não são diluídos de seu controle na empresa;

b) O empréstimo tende a projetar juros viáveis que permitem com que a startup cresça e atinja seus resultados antes de se ver obrigada a custear despesas altas com o empréstimo.

Conclusão

Diante de todo o exposto, fica claro que optar pelo Venture Debt ou por qualquer outro mecanismo de financiamento para sua startup é algo complexo e que envolve uma importante análise dos riscos antes de qualquer ação por parte do empreendedor.

Por isso, antes de qualquer escolha, analise os termos, a situação atual e futura do seu negócio e procure um profissional capacitado e de sua confiança para avaliar o cenário junto de você, evitando assim imprevistos que podem prejudicar o negócio que está construindo.

Globalmente, esse modelo de investimento vem crescendo também. Na Índia, por exemplo, um dos grandes players locais investiu, em 2016, US$ 60 milhões em 26 operações. Para o ano seguinte, os planos incluíam aumentar para 50 o total de transações, elevando o valor investido para algo entre US$ 75 milhões e US$ 85 milhões.

Esses números são uma pequena amostra de como o Venture Debt pode ser uma grande oportunidade para quem empreende e para quem investe. É um tipo de crédito estruturado que tem potencial para suportar o desenvolvimento de negócios e que ajuda na preservação da participação acionária do empreendedor.

Sobretudo, é uma opção para quem busca alternativas criativas em um mercado de crédito tão marcado por limitações como é o caso do Brasil.

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